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Um Túnel Secreto?

Atualizado: 21 de abr. de 2021


Quando o relógio acusou três horas da manhã do dia 17 de abril de 2015, a Echoes Pink Floyd São Paulo (Eu, Cassiano MusicMan, Rics Carvalho, Hamilton Matos, Renan Dias, Regina Migliore, Eder Vox e Carina Assêncio) partiu da Capital Bandeirante rumo ao noroeste do Paraná, percurso que a banda se acostumou a fazer durantes seus três anos de existência.

Primeiro destino: MPB Bar em Maringá (PR).

Seguimos para Foz do Iguaçu (PR) com destino ao Zeppelin Old Bar.

No dia seguinte, mais estrada, desta vez para uma casa e um Município ainda desconhecidos para nós: Bunker Berlin, em Marechal Cândido Rondon (PR). Ao adentramos pela Avenida Rio Grande do Sul, uma das principais da cidade, logo vimos um grande outdoor digital anunciando nossa presença.

Assim que chegamos, fomos recebidos pelo empresário Alexandre Scherer. O bar muito estiloso foi adaptado sobre uma antiga e enorme casa residencial construída em uma esquina, conhecida como "Casa Gasa". Todo projetado em madeira e vidro por fora, com decoração à moda da Alemanha, a entrada do bar mostrou-nos águias estilizadas alusivas à germânia nos vidros que a separam da calçada, além de escudos dos clubes de futebol da bundesliga espalhadas estrategicamente, bem como, no mais, a bandeira vermelha, amarela e preta pendurada no teto da cobertura externa. Despertou minha atenção alguns objetos antigos dispostos nas janelas da casa e cobertos por vidros, como pistolas, máquina de escrever, projetor de vídeo, etc... Vale destacar que Alexandre Scherer e família não alteraram a arquitetura da casa, preservando-a como foi construída originariamente, e, mais que isso, criaram um bar extremamente delicioso, que vale a pena ser visitado.

Alexandre Scherer se prontificou a nos guiar pelo interior da casa, e após visitarmos todos os cômodos aparentes da construção, e vermos que tudo foi planejado meticulosamente na decoração, incluindo escudo de metal com uma grande águia e réplica em miniatura de uma armadura medieval, passamos a visitar também os cômodos não aparentes, isto é, os locais escondidos propositadamente pelo alemão Heribert Hans Joachim Gasa, que são acessíveis somente mediante passagens secretas estrategicamente dispostas. Seja por meio de falsa estante de livros que dá acesso a ambientes escondidos, seja por alçapões camuflados. Sabe-se que a casa demorou cerca de vinte anos para ficar pronta. O lugar tem trinta e oito cômodos, distribuídos por três andares, sendo dois subterrâneos. São dez banheiros, um quarto, sauna, sala de cinema, piscina, adega, estúdio fotográfico e ótico.

Alexandre nos contou que Heribert Hans Joachim Gasa nasceu em 1920, em uma localidade à época pertencente à Alemanha, e hoje inserida na Polônia. Ele foi ótico (em uma das salas do subsolo secreto ainda permanece parte dos equipamentos de trabalho), físico, e chegou a estudar medicina, mas teve que abandonar os estudos porque foi convocado pelo exército alemão a lutar na 2ª Guerra Mundial. No fim do conflito, em 1945, foi preso na Holanda pelo exército Inglês. Após ser libertado, um ano depois, decidiu sair da Alemanha. Ao chegar no Brasil, foi novamente preso, mas assim que libertado se dirigiu à cidade que o acolheu, isto é, Cândido Marechal Cândido Rondon. Gasa se casou com uma moradora da cidade, mas não teve filhos. Em 2003, morreu em um hospital de Cascavel, também na região oeste. "Antes de morrer ele pediu para a viúva cuidar da casa, não mudar nada", diz Alexandre. Após sua morte, a casa se tornou um Museu antes de se tornar o Bunker Berlin.

Grande parte da população de Marechal Cândido Rondon é constituída por descendentes de Alemães, e, assim, não foi por acaso que Gasa se fixou no Município. Os simpáticos Arno Detsch e Perenice Detsch, proprietários do Hotel Fenícia, que nos hospedou na cidade, e seu filho Luan Wagner, contou-me que Gasa era amigo do proprietário do hospital da cidade, que o convidou a estabelecer moradia. A "Casa Gasa" tem pouca vista para rua, e como poucas pessoas tinham acesso ao interior da casa, muitas histórias foram criadas pela população, e não se sabe exatamente até que ponto são verdadeiras. Conta-se que Gasa construiu um túnel que liga a sua casa ao hospital, para facilitar as experiências com seres humanos que eram realizadas nos porões da residência, com presença de nazistas, inclusive, comenta-se, de Josef Mengele, que foi um médico alemão que se tornou conhecido por ter atuado durante o regime nazista, que, segundo se diz, morreu no Brasil e, 1979, em Bertioga (SP). A história do túnel ganhou força pelo fato de que no teto de uma das salas existe uma abóbada de cimento misturada com cabelos humanos. Como disse Alexandre, "os moradores diziam que ele tinha construído um túnel subterrâneo por causa da grande quantidade de terra que tirou daqui durante as obras", lembra Alexandre. Mas "se tem ou não, a gente ainda não achou".

O fato é que ninguém sabia verdadeiramente nem mesmo se Gasa era nazista, quanto mais ter recebido ex-nazistas em sua bela casa.

Por outro lado, uma das passagens secretas não pode ser aberta, existe proibição expressa determinada pela proprietária da casa no contrato de locação, viúva de Gasa. Qual a razão? Cada um que tire suas próprias conclusões...

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