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Entrevista com Paulo Palmieri

Atualizado: 21 de abr. de 2021


Segurava uma xicara de café em uma das mãos, e tentava não deixar o telefone cair, equilibrando-o entre o ombro direito e o rosto, enquanto anotava em um pedaço de papel o local e o horário. Dali há algumas horas encontraria-me com Paulo Palmieri para entrevistá-lo.

Seu trabalho?

Efetuar manutenção geral, assistência técnica e restaurações em pianos Fender Rhodes, Clavinets, bem como sintetizadores analógicos, drum machines, pedais, amplificadores valvulados, etc...

Todo músico, seja profissional ou amador, assim como produtor, colecionador e amante da música em geral sabe que precisa de alguém de confiança para cuidar de seus equipamentos, seja porque não prestou atenção na qualidade de voltagem que conectou no cabo de força, seja porque flagrou o equipamento boiando em águas de transbordamento de rios, seja porque o gabinete do velho Fender Rhodes está sendo devorado por cupins, seja simplesmente porque o equipamento avançou o sinal da vida útil, dentre o mais.

Há cerca de dois anos trouxe para casa um piano elétrico Fender Rhodes mark I, 1977. Embora de um modo geral os componentes internos estivessem em bom estado (considerando os mecanismos de cada tecla, como martelos, feltros e tines), a parte externa, por outro lado, reclamava imediata restauração, incluindo teclas, blocks laterais, gabinete de madeira e napa que o recobre, logos e pés. Assim, levei o piano ao Palmieri para proceder a completa restauração. O piano foi inteiramente desmontado, peça a peça. Capas novas de teclas foram inseridas, assim como novos blocks laterais, gabinete de madeira e napa preta, novos logotipos foram fixados e os pés e muitas peças internas cromadas.

O piano passou por regulagem rigorosa do mecanismo interno, e, após afinado, foi-me entregue.

Ficou simplesmente lindo, e, o melhor, com a sonoridade ímpar do instrumento preservada.

Tenho utilizado o instrumento em vários palcos do Brasil, e a última vez foi em minha participação especial no show da banda "No Quarter", tributo ao Led Zeppelin, no Teatro Elis Regina, em São Bernardo do Campo, final do ano passado, no espetáculo "The Song Remains the Same".

A originalidade das músicas "No Quarter", "Since I've Been Loving You" e "Misty Mountain Hope" foram mantidas corretamente, e soaram como nos velhos tempos em que os pianos Fender Rhodes reinavam nos palcos.

Existe uma corrente revival muito forte dominando a cena musical na área dos instrumento de teclas, e este fenômeno é mundial. Instrumentos como Hammond B3, Minimoog D, pianos Fender Rhodes e Wurlitzer, estão em alta, e é um momento para se celebrar.

Assim que encontrei com Paulo Palmieri para esta entrevista, lembrei de uma frase famosa: "Entre dois, entre três, entre muitos médicos bons, escolha sempre o que tiver mais coração".

A entrevista, na íntegra:

  • Quando você começou a restaurar e consertar instrumentos musicais?

Em meados de 2006.

  • O que mais te encanta em seu trabalho?

A construção dos synths analógicos e a genialidade da mecânica dos pianos Fender/Rhodes.

  • Quais trabalhos desenvolvidos ao longo dos anos mais te orgulharam?

Restaurações eletrônicas em Oberheim OB-Xa, Sequential Circuits Prophet 5, Moog Minimoog e synths da marca ARP.

  • Para quais artistas você já trabalhou?

Guilherme Arantes, Marcio Buzelin (Jota Quest), André Mehamari, Rodrigo Tavares (Seu Jorge), Dudu Marote (produtor), Apollo 9 (produtor), Corciolli (tecladista), Herbert Medeiros (tecladista), Junior Lima (Sandy e Júnior), Tuto Ferraz (Grooveria Eletroacústica), Tovinho (Alceu Valença), Renato Moog (Echoes PFSP), dentre outros.

  • Quais equipamentos já passaram por suas mãos?

Muitos! Mas entre eles... Moog Prodigy, Moog Opus 3, Sequential Circuits Prophet 5, Sequential Circuits Pro-One, Moog Liberation, Roland Juno 6, Juno 60, Juno 106, Roland Promars, Korg Delta, Crumar Performer, Oberheim 4-voice, Oberheim Matrix 6, Oberheim Matrix 12, Oberheim OB-Sx, Hohner Clavinet D6, Hohner Clavinet Pianet Duo, Logan Strings II, Roland TR-505, TR 606, TR707, TR-727, Roland TB-303, Roland RS-505, Roland RE201 Space Echo, Roland RE501 Space Echo, Boss CE-1 Chorus Ensemble, Korg Mono/Poly, Korg MS-20, Korg MS-10, Korg Polysix, Sequential Circuits TOM, Yamaha CP-70, Yamaha CP-80, Yamaha CS-80, Yamaha CS-60, Yamaha CS-5, Yamaha CS-10, Elka Rhapsody 610, ARP Solina String Ensemble, ARP OMNI, ARP OMNI II, ARP Solus, ARP Avatar, ARP Odyssey, ARP Odyssey MKII, ARP Axxe, Korg Micro Preset, Roland SH-1000, Korg VC-10 Vocoder, Roland D-50, Korg Minikorg 700, Multivox MX-2000, Moog Taurus, Moog Memorymoog, Moog Minimoog, ARP 2500 (modular) RMI Electric Piano, Wurlitzer 200a, Wurlitzer 206a, Roland Jupiter 8, Rhodes MK-80, Moog Voyager, Moog Voyager (rack), Moog Moogerfooger (toda a linha), Farfisa VIP233, Farfisa Compact DeLuxe, Fender Rhodes Mark I Stage 73 e 88, Fender Rhodes Suitcase 73 e 88, Rhodes Mark II Stage, Rhodes Mark V, Rhodes Mark 7, Roland SH-101, Roland MC-202, Roland MC-505, Linndrum, Oberheim DX, Oberheim DMX, Sequential Circuits Sixtrak, Sequential Circuits Multitrak, Yamaha DX7, Roland GR-500, Roland GR-700, Hammond B3, Hammond M, Caixas Leslie entre muitos outros.

  • Teve algum trabalho que você teve de se empenhar mais?

Todos! Nessa área não tem trabalho fácil.

  • Quais artistas, nacionas e internacionais, você se identifica mais?

Lincoln Olivetti, Tim Maia, Jamil Joanes, George Duke, Jeff Lorber, Marcus Miller, Harvey Mason e todos que fizeram a boa música dos 70 e 80!

  • Sua predileção é por instrumentos de teclas?

Apesar de tocar contrabaixo, eu sou fã de Oberheim 2, 4 e 8 voice, Prophet 5, Moog Minimoog, Roland Jupiter 8, Yamaha CS-80 entre outros power synths das décadas de 70 e 80!

  • Qual a maior dificuldade que você encontra no seu trabalho?

Algumas peças de reposição.

  • Quanto ao piano fender rhodes, como aprendeu a restaurá-los?

Ouço Rhodes desde os meus 8 anos de idade pois sempre fui fã de música internacional e nos anos 70 quase tudo era feito com Rhodes. Começei com um Rhodes de um amigo meu que serviu de "curso prático" mas no geral foi um processo autodidático de muita pesquisa e com prática gradativa. Eu diria que o que me trouxe êxito de verdade, foi a paixão pelo instrumento, a nostalgia, o fato de que para mim, as melhores músicas do mundo foram feitas com ele!!!

  • Já restaurou algum wurlitzer?

Sim, dezenas deles.

  • Quem são seus maiores clientes?

Tenho clientes de todas as áreas da música, sejam hobbistas, músicos amadores, profissionais, produtores, artistas consagrados, etc.

  • Que tipo de pane mais comum quanto aos instrumentos que você recebe para consertar?

Cupim é um problema sério principalmente em Pianos Rhodes. Isso vale para todos os outros que possuem base ou caixa de madeira.

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