A turnê "Atom Heart Mother World Tour" ocorreu entre 12 de Setembro de 1970 e 11 de Outubro de 1971.
A capa é sensacional, e foi uma grande estratégia de marketing da banda idealizada pela "Hipgnosis". Cuida-se de uma fotografia da rês Lullubelle III, uma cruza de raças holandesa e normanda (as da contracapa são holandesas), fotografada em uma fazenda da Inglaterra. Conta-se que a gravadora pagou ao dono da propriedade cerca de mil libras pelos “direitos de imagem” do animal. O “disco da vaca” como por muitos é conhecido, tornou-se um símbolo à banda e ao universo do rock.
Existem várias teses que defendem o motivo da Lullubelle III, ser a estrela da capa de uma das bandas mais famosas do mundo todo, as mais plausíveis:
O rock surtia um efeito negativo nas pessoas mais velhas, como os pais daqueles que ouviam Pink Floyd. Ao compor uma capa “inocente”, desviaria o olhar e os questionamentos que pudessem ocorrer sobre o conteúdo
Há ligação do comportamento da vaca como mãe. Por ser considerada uma boa mãe da terra, tomou seu posto no indiscutível “Atom heart Mother” (Coração atômico de mãe), cujo titulo, aliás, foi concebido após Waters ler uma noticia em um jornal local sobre uma mãe que estaria para receber um marca-passos em seu coração
Os Psilocybe Cubensis, espécie de cogumelo alucinogénio mundialmente conhecido, apresenta como principais princípios ativos a psilocibina e a psilocina, e age no cérebro de modo semelhante ao neurotransmissor serotonina, embora possua em baixas quantidades outros alcalóides, como a norbaeocistina ou a baeocistina, cuja ação no sistema nervoso humano é pouco conhecida. São cogumelos de pequeno porte, geralmente apresentando características que os tornam facilmente reconhecíveis, e geralmente nascem nas fezes das vacas, após um dia de chuva seguido de sol.
A turnê internacional deste álbum começou em setembro 1970 e terminou em outubro de 1971. e pela primeira vez a banda esteve em países como Japão e Austrália. Houve contratação de orquestras e coros locais em algumas datas, a exemplo do que ocorreu n excursão de Rick Wakeman com o álbum "Journey to the Centre of the Earth" (1974).
Músicas que apareceram nos repertórios da turnê "Atom Heart Mother":
"Astronomy Domine"
"Interstellar Overdrive"
"Set the Controls for the Heart of the Sun"
"A Saucerful of Secrets"
"Cymbaline"
"Green Is the Colour"
"Quicksilver"
"Main Theme"
"Careful with That Axe, Eugene"
"Sysyphus", pts. 1–4
"Moonhead"
"Grantchester Meadows"
"Embryo"
"The Violent Sequence"
"Heart Beat, Pig Meat"
"Atom Heart Mother"
"Fat Old Sun"
"Alan's Psychedelic Breakfast"
"Several Species of Small Furry Animals Gathered Together in a Cave and Grooving with a Pict"
"Corrosion"
"More Blues"
"Echoes"
Dizer o quê? Contém "Sysyphus, pts 1-4", "Careful with That Axe, Eugene", " Set the Controls for the Heart of the Sun" "Grantchester Meadows", "Fat Old Sun", "Echoes" "The violent Sequence" (futuramente seria gravada como "Us and Them"), "Cymbaline", etc... é muita música boa, e, sinceramente, bem que alguém poderia criar uma máquina do tempo para eu assistir ao vivo algum show desta época. Garanto que eu assisto e retorno imediatamente, combinado?
Este álbum traz duas suítes:
"Atom Heart Mother" (Gilmour, Mason, Waters, Wright e Geesin), e;
"Alan's Psychedelic Breakfast" (Gilmour, Mason, Waters, Wright e Geesin).
Contém também três canções: "If" (Waters); "Summer '68" (Wright), e; "Fat Old Sun" (Gilmour).
A suíte "Atom Heart Mother" é tocada com uma orquestra completa com sessões de metais, cordas e coral, juntamente com a banda, e foi uma cooperação entre a banda e o compositor Ron Geesin. Antes da gravação em estúdio, era tocada em apresentações ao vivo, com o nome de "The Amazing Pudding" ("O Incrível Pudim"). Gilmour tocou guitarra e slide guitar. Waters contrabaixo, colaborando com efeitos de gravação e colagens. Wright tocou teclados e colaborou na orquestração. Mason tocou bateria, percussão, além de colaborar nas edições e colagens. Ron Geesin tocou violoncelo, além de reger e aassinar como copositor. O coral ficou a cargo da "John Aldiss Choir". Ao ouvir Gilmour tocar as partes de guitarra para essa música, Waters disse que soava parecido com a música tema para o filme Sete Homens e um Destino.
A suite é dividida em seis partes, sendo elas as seguintes:
Father's Shout - tema da música. Começo em fade in com metais, que logo se encorpam e dão origem ao riff que é tema principal da música, com guitarras, percussão, teclados e baixo (além dos metais do início). É uma peça muito forte, linda, e sempre que ouço fico agradecido à banda por gravar este disco
Breast Milky - O tema é seguido por uma seqüência com riffs de baixo, teclado e violoncelo, que é bem calma no começo e depois abre espaço para um solo de guitarra, acompanhado de metais. Solo este que é um dos mais bonitos solos executados por David Gilmour como guitarrista do Pink Floyd.
Mother Fore - começa após a súbito término do solo da segunda parte. Entra então uma coro de vozes, acompanhado de um calmo riff de baixo ao fundo. Estes logo se fundem à percussão que contribui para encorpar o coro, tornando-o mais intenso até que todos cessam calmamente e são seguidos de um órgão que dá abertura à próxima parte.
Funky Dung - é um tipo de jamming em que se destacam o solo de guitarra de Gilmour e o órgão de Rick Wright. Um dos pontos altos da suite. O solo de guitarra cessa e o jamming agora conta com uma interessantíssima parte do coro, em que se pode ouvir palavras como "Tea, toast, coffee, yeah! Sa sa sa sa sausage, rrrrroast beef" ("Chá, torradas, café, yeah! Sa sa sa salsicha, rosbife!"). Após a genial participação do coro, há uma reprise do tema principal (Father's Shout), que logo some e dá origem à parte seguinte.
Mind Your Throats, Please - é uma parte experimental, repleta de barulhos e sons agudos, misturados com colagens caóticas de metais. Pode-se ouvir uma voz dizendo algo como "Here's a loud announcement!" (17:30), então há um aumento na intensidade dos barulhos, até que há um som de explosão, que encerra a parte e dá origem à próxima.
Remergence - é, basicamente, uma colagem dos vários sons da música, com um piano, guitarra e percussão caóticos ao fundo. Vários metais vão surgindo devagar, até que ganham consistência e intensidade e culminam com uma voz gritando "Silence in the studio!" (19:07), e anunciando a repetição de "Father's Shout", agora com mais destaque para os metais. Então começa uma reprise de "Breast Milky", mas agora o solo é mais intenso e mais dramático. O solo termina com todos os instrumentos tocando juntos, com ampla participação dos metais e do coral, em um refrão modificado do tema da música, "Father's Shout". O som dos metais e da percussão prevalecem até que a música é encerrada de forma sublime após o coral e o som dos metais atingirem intensidade máxima.
Ouvi pela primeira vez esta suíte no início de 1990, por intermédio de um amigo que me apresentou o disco, e me convidou a ouvi-lo intensamente, sem interferências do mundo exterior. Desta forma, acomodei-me em uma confortável poltrona, apaguei as luzes, e fiquei ali, de olhos fechados ouvindo atentamente o universo sonoro. A experiência foi incrível. Já conhecia álbuns como "A Saucerful of Secrets" (1968), "Animals" (1977), "Dark Side of the Moon" (1972), "The Wall" (1979) e "The Final Cut" (1983), principalmente estes, e desde então, após a audição da suíte "Atom Heart Mother", comecei a entender o significado daquela banda. Pink Floyd não se resume ao álbum de palco "Pulse" (1995), talvez o mais conhecido da banda, ou à música do moedor de carne "Another Brick in the Wall, parte 2" (Waters). É muito mais que isso, é uma experiência sem parâmetros fixos, com várias fases, e por isso é que se deve compreender a banda como um todo, o que já produziu e o que significa sobre todos os enfoques.
"Summer '68" é uma canção escrita e cantada por Richard Wright, da banda de rock progressivo Pink Floyd, do álbum Atom Heart Mother, lançada em 1970, e gravada no estúdio Abbey Road, em Londres. Aborda algum encontro casual entre um homem e uma mulher, provavelmente uma "groupie", e, também, do momento após, do retorno à vida habitual.
A introdução e a parte inicial suave - com piano, voz e órgão Hammond - contrasta com a segunda seção, mais forte e com passagens instrumentais mais densas, além de solos de trompete, que retorna ao final da música juntamente com em naipe de metais. Participaram da gravação o próprio Wright (vocal principal, piano e órgão hammond), além de David Gilmour (violão e vocais de apoio), Roger Waters (Contrabaixo), Nick Mason (bateria e percussão), bem como a sessão orquestral de metais do estúdio Abbey Road.
A letra:
Would you like to say something before you leave?
Perhaps you'd care to state exactly how you feel.
We say goodbye before we've said hello.
I hardly even like you. I shouldn't care at all.
We met just six hours ago.
The music was too loud.
From your bed I came today and lost a bloody year.
And I would like to know, How do you feel?
How do you feel, how?
How do you feel?
How do you feel, how?
Not a single word was said.
They lied still without fears.
Occasion'lly you showed a smile, but what was the need?
I felt the cold far too soon in a wind of ninety-five.
My friends are lying in the sun, I wish that I was there.
Tomorrow brings another town, another girl like you.
Have you time before you leave to greet another man Just you let me know,
How do you feel?
How do you feel, how?
How do you feel? How do you feel, how?
Goodbye to you.
Charlotte Kringles' due.
I've had enough for one day.
Diferentemente da inspiração clássica em "Sysyphus", de "Ummagumma" (1968), "Summer '68" mostra o retorno de Richard Wright à composição lírica, ao invés da instrumental.
Uma interpretação plausível da letra traz também o tédio de excursionar e o desejo de fugir de tudo:
"My friends are lying in the sun, I wish that I was there (...)"
"Fat Old Sun" foi escrita e cantada por David Gilmour, que curiosamente também gravou a bateria, e é belíssima. Era apresentada ao vivo com uma versão diferente, em uma forma expandida (na maioria das vezes excedendo 14 minutos), tanto antes, quanto depois do álbum ser lançado. Esta música surte um efeito muito interessante quando tocada ao vivo, geralmente presente nos set lists da Echoes Pink Floyd São Paulo: o começo melancólico da canção, com os instrumentos acústicos violão e flautas (mellotron), com um contrabaixo melodioso, vai ganhando peso à medida que avança para o final, e ganha força com o órgão hammond e o solo criativo com drive de guitarra. "Fat Old Sun" é talvez melhor descrita como "pastoral", uma alusão à vida no campo, como outras músicas como "Grantchester Meadows" de "Ummagumma" (1969).
Recentemente, ela foi tocada de um modo acústico na turnê "David Gilmour in Concert" (2001/2002), menos o solo de guitarra. Depois, no começo da turnê do álbum "On An Island" em 2006, a música voltou ao repertório. Essa versão foi composta com a letra e depois os vocais de apoio repetindo o refrão "sing to me, sing to me"; então uma versão blues do solo de guitarra, com a duração próxima à original (essa versão durou por volta dos 7 minutos). Uma performance no "Royal Albert Hall" está inclusa no novo DVD do Gilmour, "Remember That Night".
Finalmente, a música "If", escrita por Roger Waters, é simples, minimalista, mas muito bela.
"If I were a swan, I'd be gone
If I were a train, I'd be late
And if I were a good man,
I'd talk with you more often than I do
If I were to sleep, I could dream
If I were afraid, I could hide
If I go insane, please don't put
Your wires in my brain
If I were the moon, I'd be cool
If I were a rule, I would bend
If I were a good man, I'd understand
The spaces between friends
If I were alone, I would cry
And if I were with you, I'd be home and dry
And if I go insane,
Will you still let me join in the game?
If I were a swan, I'd be gone
If I were a train, I'd be late again
If I were a good man,
I'd talk with you more often than I do"
Como "Grantchester Meadows", "If" leva um sentimento pastoral, mas lida com instrospecção construída em forma de poema. Só foi tocada uma vez ao vivo pela banda, em 1970, mas Waters tocou-a inúmeras vezes durante sua carreira solo.
A suíte "Alan's Psychedelic Breakfast" (ou, em português, "café-da-manhã psicodélico do Alan") é um instrumental de três partes. A canção é o Pink Floyd tocando de fundo enquanto Alan Styles (um roadie da banda, que aparece na contracapa do álbum Ummagumma, e é sempre confundido com Alan Parsons, que foi engenheiro de som do "Dark Side of the Moon" (1972) e também do próprio "Atom Heart Mother" (1970) fala sobre o café-da-manhã que ele está preparando e comendo, também como cafés-da-manhã que ele teve no passado ("Breakfast in Los Angeles, macrobiotic stuff...").
A canção têm paradas significativas antes do primeiro, e entre todas as três partes instrumentais, onde se têm somente os movimentos e falas do Alan, com ocasionais sons exteriores que são ouvidos. A maioria das falas do Alan foi regravada durante a música num gradual eco; por exemplo, a frase "Macrobiotic stuff" é repetida durante dois segundos, cada vez mais silenciosa. Além da fala e os barulhos do Alan preparando o café-da-manhã – como acendendo o forno, fritando bacon, despejando e comendo cereal, bebendo leite ou suco – há outros sons de fundo, que acrescentam ar conceitual para a faixa. Alan pode ser ouvido entrando na cozinha, separando os ingredientes no começo da faixa, e lavando a mão e saindo da cozinha no final; e pingos de água podem ser ouvidos em ambas partes.
Conheço muitas pessoas que detestam esta suíte. Eu adoro. Imagine como era executada ao vivo... Conseguiu? não? dizem que era até engraçada, a platéia ria por diversas vezes. A única execução ao vivo que foi gravada pode ser conferida no bootleg "Alan's Psychedelic Christmas" (o "Christmas" se deve ao fato do show ter sido feito na época do Natal). Na faixa, é possível ouvir o bacon fritando e alguém fazendo sua higiene pessoal. A música só foi interpretada uma vez ao vivo, tendo a banda, no palco, fritado o bacon e tomado café em frente a um incrédulo público.
Sensacional.
Isto, caros leitores, é Pink Floyd.
Eu sou completamente apaixonado por esse disco, foi minha porta de entrada para o pink floyd e desde então é um vício que parece nunca acabar! obrigado por compartilhar tantas informações interessantes sobre esse álbum. grande abraço, parabéns pelo artigo!